22/06/2015

Amor corroi, dói e oxida

amor vibra, estremece e faz-nos ilusoriamente felizes. Depois causa habituação, limita-nos horizontes e faz-nos cegos. No final, corrói, remói e destrói pontes, tira-ns o chão, balanca-nos o mundo ao ponto de enjoar só de pensar. Não sei de onde a maior dor, se dos bons momentos que  perdemos ou dos maus que nos assombram. Perdemos uma ilusão, vemos em tudo a imperfeição, chamamo-nos de burros, batemos incessantemente com a cabeça e acordamos e choramos pelo tempo perdido, pela vida que perdemos, por nós mesmos que nos perdemos e como nos podemos reencontrar? Pensamos na pessoa que perdemos, mas escolhas foram feitas, palavras foram ditas e a dor e frieza da vida invade-nos, desventra-nos. E aquilo que antes saltitava, pulava torna-se só um musculo chamado coração que queremos fechar ao mundo, ate que a dor pare de nos oprimir com tanta força e alguem encontre uma forma de o fazer bater de vida e amor novamente.

(2014)

21/06/2015

Circulos

Passamos a vida a ter que provar que estamos bem, que conseguimos, a fingir que somos fortes e aguentamos qualquer embate. Ao crescer temos que nos adaptar, o trabalho ocupa mais tempo e exige tanto de nós que no nosso circulo de amigos inevitavelmente alguém fica para trás.
Dou por mim a aperceber-me que não vejo a pessoa que considero a minha melhor amiga há meses, que quando a vejo é em convites para aniversários e noites do nosso grupo do secundário. Dou por mim a pensar que na verdade, por mais rodeada de pessoas que esteja, não há ninguém que num segundo de silêncio me pergunte se estou bem, se estou feliz.
Apercebo-me então que as poucas pessoas que me sobraram são amigos de conveniência, que me excluem e incluem quando e como querem, que me dão e tiram e me confundem profundamente.
Dou por mim a ter saudades desses tempos de secundário, onde alguem me olhava e via e convivia comigo todos os dias e que não me julgava. Momentos de partilha de vivências, segredos, confissões são preciosidades que não se deviam perder.

Viver meses, anos, sem ninguem olhar para dentro para ti, sem ninguem conseguir derrubar os teus muros, sem ninguem conseguir atravessar esse teu disfarçe, sem na verdade teres amigos de verdade, apenas pessoas com quem convives. Frustrante.